Mãe?
Mãe? É uma palavra muito estranha para mim... é uma palavra difícil de pronunciar!
Já não sinto o teu cheiro, já não reconheço a tua voz, já não conheço os teus traços de cor.
Antes não eras muito presente, mas de vez em quando estavas lá.
Agora desapareceste num estalar de dedos e eu já não sinto nada, não sei como era o meu amor por ti, não sei como eram as nossas conversas, já não sei como eram os teus beijos e abraços.
Porquê? Porque não fizeste mais um pouquinho por mim?
Onde estavas quando eu fiz as minhas primeiras travessuras?
Onde estavas no meu primeiro dia de aulas?
Onde estavas quando me tornei mulher?
Onde estavas quando me magoaram e partiram o coração ao meio?
Onde estavas quando a minha cabeça só me mandava fazer disparates?
Onde estavas? Onde estás? Onde estarás?
Nunca mais vamos voltar a ter aquela amizade que tínhamos nem nunca mais vamos voltar a ser mãe e filha...
Um dia quando olhares para trás espero que sintas orgulho em mim, e espero que um dia me expliques porque me abandonaste...espero que me digas nem que seja uma vez que gostas de mim, que te orgulhas de mim, e que és minha mãe...porque neste momento és apenas a pessoa que me pôs neste mundo, és apenas metade do meu ADN...
Não vou dizer que te amo porque ia estar a mentir, talvez lá no fundo ainda exista esse sentimento por ti mas está tão longe que nao me faz bater o coração...
Onde estavas quando à pouco tempo fui ao fundo do poço e quase me afoguei? Onde?
Precisei de ti e sei que tu também precisaste de mim...
Mas não basta estar perto do coração, também é preciso estar perto da pessoa...se não...
De ti despeço-me com um "Até qualquer dia..." cheio de mágoa e com uma pontinha de esperança!
Ana Lúcia Pereira
